
Imagem da ponte entre os municípios de Inácio Martins e Cruz Machado, com vista para a localidade de Gavazone. GOOGLE
Por: @cleiton Luz
A estadualização seria uma solução viável para um problema antigo
No mês de março, vereadores de Inácio Martins se reuniram com representantes do Legislativo de Cruz Machado para debater soluções para a pavimentação do trecho que liga os dois municípios. Nesse encontro, os parlamentares assinaram um ofício que será encaminhado por cada vereador aos seus respectivos representantes na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (ALEP). Mais de 15 deputados receberão o documento, além do presidente da ALEP, deputado Alexandre Curi.
Entre os pedidos apresentados no ofício está a apreciação de um projeto de lei encaminhado em 2017 pelo deputado petista Professor Lemos. O projeto foi submetido à Comissão de Constituição e Justiça, onde permanece parado desde então. Segundo o vereador Paulo Michel Pereira (PT), representante do deputado Lemos em Inácio Martins, o projeto “não andou porque ele (Professor Lemos) não conseguiu que nenhum presidente da Câmara colocasse o projeto em votação”, afirmou em entrevista à Web Rádio Interativa. No site da ALEP, consta que o projeto ainda está “em tramitação”. A proposta prevê a estadualização de 80 quilômetros de estrada entre Cruz Machado e Inácio Martins.
Essa medida representa mais uma tentativa de solucionar um problema crônico para ambos os municípios. A parte mais crítica da estrada está em Inácio Martins, começando na saída da Vila Nova e terminando na localidade de Gavazone, na divisa com Cruz Machado. Sem pavimentação, a estrada exige manutenção exclusiva por parte da prefeitura de Inácio Martins, que precisa garantir a trafegabilidade de mais de 40 km de estrada sem comprometer o atendimento a outras regiões rurais.
O que é a estadualização — e como funcionaria na prática
A estadualização, proposta por Lemos, prevê transferir ao governo estadual a responsabilidade pela manutenção do trecho atualmente a cargo dos municípios. Na prática, o Estado do Paraná assumiria a manutenção da estrada. No entanto, é importante destacar que estadualizar não significa, automaticamente, pavimentar. A execução de obras de asfaltamento dependeria da vontade política e da disponibilidade orçamentária do governo estadual.
Projeto de Lei 454/2017 — justificativa e relevância
A justificativa do Projeto de Lei 454/2017 aponta para a necessidade de garantir melhores condições de tráfego, segurança e desenvolvimento para a região centro-sul do estado, especialmente para o escoamento da produção agrícola e o deslocamento da população rural.


O que dizem os vereadores sobre a estadualização
Nossa reportagem conversou com alguns vereadores de Inácio Martins sobre a reunião com o Legislativo cruz-machadense e sobre a importância do projeto de estadualização do trecho.
O presidente da Câmara Municipal, José Vilmar de Andrade, afirma que a união dos Legislativos visa pressionar os deputados a retomarem a discussão sobre o projeto apresentado por Lemos. Segundo ele, a estadualização do trecho representaria alívio aos cofres municipais e permitiria que o maquinário atualmente usado na manutenção da estrada fosse redirecionado para outras demandas locais. Para José Vilmar, este é o momento certo para tentar viabilizar o projeto, principalmente por estarmos próximos de um período eleitoral.
O vice-presidente da Câmara, vereador Bruno Alencar Cabral da Silva (UNIÃO), demonstrou entusiasmo com a união entre os dois municípios em prol da causa. Segundo ele, “a aprovação do projeto é uma necessidade do povo; a estadualização vai beneficiar tanto as comunidades rurais de Inácio Martins quanto as de Cruz Machado”.
O vereador Julio Armando Canido Mendez (PP) destacou que essa demanda é essencial para os dois municípios e lembrou que, na legislatura anterior, já haviam iniciado conversas com o Legislativo de Cruz Machado para buscar apoio junto à Assembleia. Ele também frisou que a luta pela estadualização uniu vereadores da situação e da oposição, mostrando que o interesse público está acima das divergências políticas. Para Julio, o projeto é estratégico para o desenvolvimento de Inácio Martins e de toda a região centro-sul do Paraná.
O vereador Gilnelson de Oliveira (UNIÃO) também comentou a reunião. Segundo ele, esta é apenas a primeira de várias ações planejadas. Gilnelson informou que tanto o prefeito de Inácio Martins, Dimas Vier, quanto o prefeito de Cruz Machado, Carlos Nowak, já estão em diálogo com o governo do estado para viabilizar a proposta.
A esperança de que o projeto “ande”
A reunião entre os vereadores de Inácio Martins e Cruz Machado simboliza o desejo coletivo de resolver um problema antigo e persistente. Outras reuniões já foram realizadas anteriormente, mas com poucos resultados concretos. A expectativa agora é que o envio do ofício aos deputados gere algum efeito prático e faça com que o projeto, enfim, “ande”.
O que se observa é que os governos municipais buscam repassar ao Estado uma responsabilidade que, claramente, extrapola suas capacidades técnicas e financeiras. A pavimentação asfáltica, que segundo o ex-prefeito Junior Benato estaria “na pauta do governo do estado” na administração de Dimas, ainda não se concretizou. O que existe são iniciativas locais em busca de soluções.
Enquanto isso, o sonho das comunidades rurais de ter uma estrada decente para escoar a produção e garantir mobilidade segue engavetado — com o Projeto de Lei 454/2017, parado na Assembleia desde 2019.
O TEXTO REFLETE A OPINIÃO DE QUEM ESCREVE E NÃO UMA OPINIÃO DA WEB RÁDIO INTERATIVA